Um dos mais incompreendidos autores bíblicos sem dúvida é Tiago. Com seu pequeno livro incrustado entre Hebreus e Apocalipse seu texto tem sido objeto de vários estudos.
Só como exemplo, Lutero foi particularmente duro com a epístola de Tiago. Chamou-a de “epístola de palha”, por causa de seu entendimento equivocado de 2:14-26, onde presumiu haver o ensino de justificação pelas obras. Embora mais tarde o mesmo Reformador maturou suas idéias e modificou sua posição, o problema continua na cabeça de muita gente.
Mas, Tiago não é favor nem da salvação pelas obras (quando as pessoas pensam que por praticarem bons atos isto resulta na sua salvação) ou salvação pela fé sem obras. Na verdade ele apenas coloca as coisas no seu devido lugar. Para ele o ser humano é salvo pela graça de Deus por meio da fé e as boas obras são o resultado desta salvação. Como fogo sempre produz calor o bom cristão que tem fé sempre produz boas obras. Fé sem obras não existe. Provamos a nossa fé pelas nossas ações.
Este pequeno e inspirado livro fala contra a espiritualidade hipócrita, enfatizando a necessidade de fé evidenciada por obras (Tiago 2:14-26). Este é um dos grandes males do cristianismo contemporâneo. Vida cristã passou a ser algo que acontece num determinado dia, num determinado lugar, sob o comando de determinadas pessoas. Vida cristã é o que fazemos num momento chamado de “culto”. Achamos que participar de um culto fazendo um ar de santidade é o maior sinal de sermos cristãos. A fé se mostra nas obras. “Pelos frutos os conhecereis”, disse Jesus (Mateus 7:20). Não foi “pelo seu louvor ou sua pregação os conhecereis”, mas “pelos seus frutos”. Uma Igreja sem obras, com uma fé intimizada, sem objetividade no mundo, é no mínimo uma incoerência.
Alguém já disse que um cristão é como um bom relógio: ouro puro, trabalho silencioso, e cheio de boas obras.
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